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segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Coleções de esmalte: moda ou febre?

Outro dia, estava no salão de beleza da minha rua fazendo as unhas. Eu não sou daquelas pessoas muito disciplinadas, como é a minha colega de apartamento, que costuma levar seus próprios utensílios e, é claro, a preciosa maletinha de esmaltes. Eu sempre gasto certo tempo para escolher a cor que vai combinar com meu humor naquele dia e até gosto deste ritual. Tenho alguns preferidos, mas me divirto ao ver as novidades e provar tons diferentes. Aprendi a gostar do Canoa, da Impala, com a minha mãe, e procurei por ele no bolinho da Andréa, minha manicure. Mas não acreditei que era ele. Tinha mudado completamente! “Pois é, eu não sei o que está acontecendo, as tonalidades estão a cada dia mais diferentes do que eram antes”, me contou Andréa. Pensei: mas será que essa oferta arrasadora de coleções e mais coleções de esmaltes a cada semana está confundindo as próprias marcas?
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Heloisa Lupinacci inaugurou sua seção Crítica de Segunda falando sobre a enlouquecedora febre do mercado em oferecer mais e mais opções às mulheres frenéticas por colorir as unhas. Mas são tantos tons, tantos vidrinhos, tantos nomes diferentes para cores parecidas que a gente fica confusa. Meninas que chegaram a se gabar por reconhecer qual esmalte estava na mão da amiga agora já desistiram de se especializar; gente que ficou com preguiça desta onda e se manteve fiel a cores antigas surpreendeu-se com mudanças radicais e desavisadas e as pobres manicures gastam mais dinheiro do que nunca para tentar acompanhar o ritmo da indústria. Existe uma lógica para essa moda incansável?
“A mulher brasileira tem uma relação muito próxima com a categoria de esmaltes: experimenta, acompanha os movimentos, as tendências, as novidades. Isso puxa o dinamismo do mercado e exige produtos constantemente inovadores e de alta qualidade”, diz a diretora de marketing de Colorama, Renata Kameyama. Todas as produtoras justificam o boom de esmaltes por uma mudança de comportamento das mulheres, que elevaram o “fazer as unhas” de hábito higiênico a acessório fashion. E assim Deixa Beijar, Papparazzi, Mini Saia, Boneca de Luxo, Puro Glamour e Azul Jeans se revezaram nas mãos de consumidoras que se apropriavam das cores semanalmente, como se fosse uma obrigação fashion.
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Algumas marcas,como a Risqué, levam a tendência tão a sério que fazem parcerias com estilistas para ajudarem na elaboração de cores que possam virar moda. Reinaldo Lourenço é consultor da empresa há cinco anos e cria cores baseadas em cartelas que sigam lançamentos mundiais ou sejam inovação pessoal mesmo. Como na moda, as companhias lançam duas coleções ao ano, outono-inverno e primavera-verão. Podemos ver isso muito bem quando reparamos que os tons da estação quentes do ano são também quentes, e o mesmo acontece com as cores frias do inverno. Mas para não perder as brechas de mercado, as indústrias criaram um artifício: as séries especiais. Espécies de desmembramentos das cores de coleções, são esmaltes um ou dois tons mais claros, escuros, foscos ou brilhantes. Mas a verdade é que é tudo muito parecido.
Para as indústrias produtoras, não existe mais mulher apegada a um tom de esmalte que usa sempre, como era até a década de 90. “Hoje, estas consumidoras estão mais abertas às novidades. As mulheres mais tradicionais usam tons nudes, verdinhos e rosinhas e as mais ousadas usam azul escuro, laranja e roxo”, acredita Luciana Marsicano, diretora personal care da Impala Mundial. E é claro que esta oferta imensa também existe pela grande procura das brasileiras por novidades – o País movimenta US$ 28,4 bilhões no mercado de cosméticos, perfumaria e higiene pessoal, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e Japão.
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A conclusão é que os lançamentos das grifes de esmaltes seguem tendências mundiais de comportamento, moda e cultura tanto quanto qualquer outro artigo fashion, mas este fenômeno é recente. E o que os designers mostram nas passarelas também influencia o que estará nas mãos das mulheres comuns. Vide o verão 2011 de Fause Haten na São Paulo Fashion Week, em que todas as modelos ostentavam grandes unhas douradas, exatamente da mesma tonalidade que não falta nas maletinhas das manicures atualmente. Isso não quer dizer que você tem que entrar na roda e seguir as tentações de testar uma cor a cada semana. Mas não dá para negar que usar nas unhas a versatilidade que antes só tínhamos nas roupas e acessórios é fascinante – basta se conformar que a velocidade das marcas será sempre maior do que a nossa. Depois, é só curtir!

Fonte: http://blogs.estadao.com.br




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